Afinal de contas: Quem foi Rouanet e como funciona a Lei Rouanet!
- Glaucio Rosin

- 15 de out.
- 3 min de leitura
“Sérgio Paulo Rouanet”

A lei leva o nome de Sérgio Paulo Rouanet, diplomata, filósofo e ensaísta brasileiro. Ele foi Secretário de Cultura da Presidência da República entre 1991 e 1992, durante o governo de Fernando Collor de Mello. Rouanet foi o idealizador da legislação que buscava reestruturar o financiamento da cultura brasileira após a extinção do Ministério da Cultura no início dos anos 1990. Sérgio era um intelectual respeitado, membro da Academia Brasileira de Letras, e teve grande influência no debate sobre políticas culturais no Brasil. Ele faleceu em julho de 2022, mas seu legado permanece vivo na lei que carrega seu nome.
Quando surgiu a Lei Rouanet?
A Lei Rouanet foi criada em 23 de dezembro de 1991, pela Lei nº 8.313/91. Em 2025, portanto, ela completa 34 anos de existência.
Como funciona a Lei?
A Lei Rouanet é, essencialmente, um mecanismo de incentivo fiscal à cultura. Por meio dela, o governo permite que parte dos impostos devidos por empresas ou pessoas físicas seja direcionada para patrocinar projetos culturais aprovados pelo Ministério da Cultura (atualmente sob a Secretaria Especial da Cultura, vinculada ao Ministério da Cultura).
Pessoa física pode deduzir até 6% do Imposto de Renda devido.
Pessoa jurídica (com tributação no lucro real) pode deduzir até 4% do IR.
Ou seja, em vez de pagar todo o imposto à União, o contribuinte pode patrocinar um projeto cultural aprovado e abater esse valor do imposto.

Regras
A lei sofreu diversas atualizações ao longo dos anos, especialmente para tornar o processo mais transparente e descentralizar os recursos. Entre as regras e diretrizes mais importantes:
* Os projetos devem ser aprovados previamente pela Secretaria Especial da Cultura.
* O proponente (pessoa ou empresa) deve apresentar um plano de trabalho detalhado, com orçamento, cronograma e objetivo cultural.
* Existe um teto de captação de recursos (atualmente, para a maioria dos projetos, é de R$ 1 milhão , mas pode variar).
* O projeto aprovado entra no Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Salic), onde empresas e pessoas físicas podem consultar e escolher quais desejam apoiar.
* Após a execução, o proponente precisa prestar contas detalhadas do uso do dinheiro.
Os beneficiários da Lei Rouanet são os proponentes culturais, ou seja, artistas, produtores, organizações culturais (ONGs, fundações, associações) e empresas que tenham projetos culturais em diversas áreas. Vale destacar que a lei não distribui dinheiro diretamente . Ela apenas autoriza a captação de recursos no mercado, com incentivo fiscal. Ou seja, o sucesso de um projeto depende também da capacidade do proponente de conseguir patrocinadores.
Críticas e Reformas
Apesar de sua importância, a Lei Rouanet enfrentou críticas ao longo dos anos. Algumas das principais questões levantadas foram:
*Concentração de recursos em grandes centros urbanos, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo.
* Favorecimento de artistas ou grupos já consagrados, dificultando o acesso de pequenos produtores.
* Falta de transparência e fiscalização (problemas que foram sendo corrigidos com a evolução do sistema e uso de plataformas digitais).
Reformas recentes buscaram corrigir esses pontos, estabelecendo limites por projeto, aumentando a exigência de contrapartidas sociais, e criando mecanismos para democratizar o acesso aos recursos.
Enfim......
A Lei Rouanet, com mais de três décadas de vigência, continua sendo uma ferramenta fundamental para o fomento da cultura no Brasil. Embora precise de constante aprimoramento, sua existência garante que centenas de projetos culturais possam sair do papel todos os anos, preservando e promovendo a diversidade cultural brasileira.
Como todo instrumento público, ela deve ser acompanhada com transparência, fiscalização e participação da sociedade, garantindo que seus benefícios alcancem o maior número possível de artistas e comunidades.



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